Giovana foi chamada
Para ser mesária na eleição
Achou muito chata a convocação
Mas seu lado patriótico logo apareceu
E um pensamento nobre a surpreendeu
“Como cidadã deveria me orgulhar!
E depois ganho dois dias para descansar”
Chegou o dia do pleito
E ela sem querer sair do leito
Era um domingo chuvoso
E o travesseiro estava gostoso...
“Vamos lá. Nada de amolecer.”
Cantarolou “trabalhar sem esmorecer...”
Chegou na zona eleitoral
Ouviu atenta todas as orientações
Cada um teria suas atribuições
Ela cuidaria dos eleitores em trânsito
Daqueles que não têm título transferido
“Sem problemas, pode deixar...
Basta as canetas vermelhas arrumar
E os formulários organizar,
Se alguém perguntar algo é só explicar.”
Logo chegaram os eleitores para ela atender
Moça, dá para explicar? O que devo fazer?
Basta o formulário preencher e na outra mesa entregar
Foi então que uma senhora começou a falar
E não parecia querer parar
Veja a minha situação: não quero mais voltar
Para a cidade onde deveria agora morar
Tudo por causa do ex-marido
Que por ela se sentiu ofendido
Contudo, se achava politizada
E dizia estar conscientizada
De que sabia o que era melhor para a cidade
Que precisava de políticos de verdade
Concordava que “pior que está não fica”
Se pudesse votaria no Tiririca
Giovana se conteve para nada dizer
Já que aquele era seu dever
Calada estava, muda permaneceu
Com tal discernimento
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